Este trabalho teve como objetivo realizar um estudo caso-controle de pacientes com ou sem doenças periodontais acometidos ou não por acidente vascular encefálico isquêmico (AVE-i), no departamento de neurologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP). O trabalho foi aprovado pela Comissão de Ética para Análise de Projetos de Pesquisa (CAPPesq) da Diretoria Clínica do Hospital das Clínicas e da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, em sessão de 31.07.03, aprovado protocolo de pesquisa número 325/03. Participaram do estudo 97 pacientes com idades entre 25 e 80 anos, sendo 57 com diagnóstico de AVE-i (grupo-caso) e os outros 40 não-acometidos por AVE-i (grupo-controle). Os parâmetros periodontais analisados foram: perda de inserção, profundidade a sondagem, mobilidade dentária, supuração, sangramento e placa bacteriana. Ainda foram estudadas as variáveis: idade, gênero, cor da pele, escolaridade, nível socioeconômico, hábito de fumar, consumo de bebida alcoólica, diabetes, hipertensão arterial, histórico de periodontite e número de casos de AVE-i. Os dados foram tabulados e analisados, utilizando-se dos testes Qui-quadrado, Exato de Fisher, t de Student e não-paramétrico de Mann-Whitney. Também foi realizado análise de regressão logística múltipla para cálculo do odds ratio ajustado pelas variáveis de controle. Os resultados mostraram que houve um maior número de casos de recessão gengival localizada com diferença estatisticamente significante entre os grupos: caso (63,2%) e controle (42,5%) (p=0,0133). O sangramento também foi significativo (p<0,0001) apesar de que o intervalo de confiança foi muito grande. Já em relação às demais variáveis, observou-se que todas (exceto o número de dentes) foram significativas (p<0,05), sendo que as médias foram maiores no grupo AVE-i do que no grupo controle, para a profundidade de bolsa as médias foram de respectivamente: 2,16 ± 0,82 e 1,47 ± 0,34 para AVE-i e controle, a perda de inserção foi de 3,62 ± 2,62 e 1,25 ± 1,28 respectivamente, presença de sangramento foi de 0,87 ± 0,30 e 0,11 ± 0,23 nos controles, e placa foi de 0,90 ± 0,27 em AVE-i e de 0,11 ± 0,23 no controle, todos com p<0,05. Neste estudo não houve significância estatística entre a presença de AVE-i e doença periodontal, porém todos os pacientes dentados analisados com AVE-i tinham doença periodontal em algum grau. Ver menos