O presente estudo analisou a associação da doença periodontal (DP) ao acidente vascular encefálico isquêmico (AVEI) e à aterosclerose de carótidas, buscando uma possível inter-relação entre essas patologias. Após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa, mediante as Resoluções Nacionais 196/96 e 251/97, foram examinados 77 pacientes ambulatoriais do Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Paraná, em Curitiba/PR, entre março de 2006 e novembro de 2007. Dos pacientes examinados, 40 apresentavam diagnóstico médico de AVEI (grupo-caso), e os outros 37 não apresentavam AVEI (grupo-controle). A faixa etária dos pacientes variou de 40 a 75 anos. As variáveis estudadas foram: idade, gênero, cor da pele, hábito de fumar, consumo de bebida alcoólica, diabetes, pressão arterial, cor da gengiva, supuração, mobilidade dental e DP. Além disso, foram analisadas ecografias (eco-Doppler) de carótidas. Observou-se que o porcentual de pessoas com DP foi maior nos casos (90,0%) do que nos controles (73,0%), apesar de não apresentar diferença significativa (RR ajustada=7,44 IC 0,92 a 60,2). O índice de placa (p=0,0022), a profundidade de sondagem (p=0,0006), a perda de inserção (p=0,0242) e a supuração (p<0,00001) apresentaram valores maiores no grupo caso que no grupo controle, e com diferenças significativas. A presença de ateromas, superfície irregular dos ateromas, espessamento intimal e estenose das carótidas ocorreram em maior porcentagem no grupo com DP presente comparado com DP ausente, porém a diferença não foi significativa após ajuste da RR. Consideradas as relações encontradas entre a DP e o AVEI, bem como à aterosclerose de carótidas, cabe um alerta à população, às classes médica e odontológica, e às autoridades de saúde.
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