Novas descobertas têm reabilitado conceitos centanários, segundo os quais doenças bucais podem influenciar o curso das condições patológicas médicas em nível sistêmico. Embora a teoria de infecção focal tenha sido descartada na virada do último século, uma vez que se baseava em observações equivocadas, novos estudos científicos consistentes sugerem indicar que a doença periodontal pode predispor o ser humano a ocorrência de quadros mais severos de doenças cardiovasculares, diabetes, doenças pulmonares e de prematuridade em gestantes. Na década passada, o renascimento científico ocorreu devido aos avanços das técnicas molecular, estatística e biológica, possibilitando aos pesquisadores classificar as complexidades de muitas condições humanas que são de natureza multifatorial. A doença periodontal tem sido objeto de estudo em pesquisas de associação com parto de bebês prematuros e de baixo peso, onde as mães acometidas por doenças periodontais teriam mais chance de ter um parto nestas condições. Neste trabalho, foi feito um levantamento epidemiológico, para confrontar dados que sugeririam a proposta de como a infecção periodontal contribuiria de forma relevante para nascimento prematuro e/ou de baixo peso. Trezentas mulheres foram avaliadas num prazo máximo de 3 dias pós-parto e selecionadas em grupo-controle (150 mulheres que tiveram parto a termo) e grupo-caso (150 mulheres que tiveram parto pré-termo). O envolvimento periodontal das parturientes foi examinado por um único pesquisador, o qual utilizou os seguintes critérios: atividade de doença, índice de extensão e severidade; índice gengival; índice de placa. Os resultados desta pesquisa demonstraram que o índice de atividade de doença não houve diferença significativa entre os grupos (p=0,489) evidenciando equivalência entre os mesmos na porcentagem de 47% e 53% respectivamente para controle e caso. Na análise da perda de inserção houve significância no grupo caso (p=0,0003), assim como no índice que mede severidade da doença (p=0,011), confirmando os dados encontrados na perda de inserção. Nas mulheres com doença periodontal, 58% eram do grupo caso e com relevância significante (p=0,003) na comparação com o grupo controle. Esses dados sugerem a possibilidade de que a doença periodontal materna na gravidez seja um fator de risco para o nascimento de bebês prematuros e/ou de baixo peso assim como os demais já citados pela obstetrícia. Ver menos