As Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) ofertadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) são abordagens terapêuticas oferecidas de forma integrada com a medicina convencional, ampliando a oferta do cuidado na perspectiva da promoção da saúde. O objetivo deste estudo foi identificar o conhecimento, a percepção e o interesse de profissionais da Estratégia Saúde da Família de Belo Horizonte (MG) sobre as PICS. Este estudo transversal observacional quantitativo contou com uma amostra de conveniência de 310 profissionais de saúde (médicos, enfermeiros e dentistas) que responderam, entre julho e outubro de 2022, a um questionário autoaplicável, semiestruturado, contendo sete questões relacionadas com o perfil da amostra (sexo, idade, estado civil, formação, tempo de formado, pós-graduação, tempo de serviço público); quatro acerca do conhecimento sobre as PICS (curso em que teve acesso se graduação, capacitação e/ou especialização, conhecimento sobre Acupuntura, Homeopatia, Medicina Antroposófica e sobre a Política Nacional de Práticas Integrativas - PNPIC); seis sobre a percepção geral sobre as PICS (eficiência, abordagem nos cursos de saúde, oferta nos diferentes níveis de atenção no SUS e no local de trabalho atual, inclusão no SUS e contribuição na vida profissional); e duas a respeito do interesse pelo tema (interesse da comunidade, interesse em ter mais informações). Foram realizadas análises descritivas dos dados no programa R Core Team (2022), e os testes de Qui-quadrado e Exato de Fisher foram utilizados para analisar as associações das variáveis com a formação profissional (médicos, enfermeiros e dentistas). Os resultados mostraram que 79,4% da amostra foi composta por profissionais do sexo feminino, com idade média de 40,6 anos ± 10,1, e 54,2% é casada. Observou-se ainda que 43,2% são enfermeiros, 29,7% são médicos e 27,1% são dentistas, 72,6% têm pós-graduação e 36,8% possuem entre 11 e 20 anos de formados. A maioria dos profissionais (71%) indicou que não tinha conhecimento se o tema das PICS havia sido abordado em seus cursos de graduação e não fizeram nenhum curso de capacitação (83,2%). A maior parte (44,8%) conhecia a Acupuntura, e 31,9% disseram ter conhecimento sobre a PNPIC. A maioria dos profissionais concorda (94,2%) com a inclusão das PICS no SUS, percebe as PICS como eficientes (81,6%), e reconhece poder melhorar a qualidade de vida (95,5%). Cerca de um terço (32,6%) dos profissionais relatou que o seu local de trabalho oferece alguma forma de PICS, e a maioria (91,3%) expressou ter interesse em obter mais conhecimento. Não houve associação significativa entre as respostas de médicos, enfermeiros e dentistas sobre as PICS (p>0,05). Conclui-se que os profissionais não tiveram contato com as PICS na graduação nem realizaram capacitação profissional na área, mas reconhecem as práticas como eficazes, acreditam que devem ser ofertadas no SUS e têm interesse em aumentar seu conhecimento. A formação acadêmica dos profissionais não teve influência significativa no conhecimento e no interesse pelas PICS. Ver menos