Após registrado o primeiro caso de COVID-19 com internação na China, os serviços de saúde pelo mundo precisaram de uma readequação. Há um risco potencial de escassez de recursos relacionados aos atendimentos, desde equipamentos de proteção individual até medicamentos. Essa diminuição de recursos pode exigir adiamento de cirurgia eletiva, a fim de reduzir a pressão sobre o sistema de saúde, devido a isso é muito importante ter um conceito claro em relação aos procedimentos prioritários relacionados à cirurgia e traumatologia bucomaxilofaciais. Estudos epidemiológicos possibilitam analisar as particularidades regionais a respeito da etiologia dos traumas bucomaxilofaciais, a frequência, distribuição e determinantes dos eventos relacionados à traumatologia. O objetivo deste estudo foi descrever o perfil epidemiológico dos pacientes atendidos pelo serviço de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofaciais de um hospital de grande porte em Minas Gerais com ênfase no período imediatamente anterior à pandemia e comparar com o período da pandemia da COVID-19. Foram coletados dados das evoluções clínicas dos prontuários de pacientes submetidos a cirurgias pela equipe da cirurgia e traumatologia bucomaxilofaciais. Dados esses que foram extraídos dos registros de entrada em bloco cirúrgico após atendimento primário pela equipe do próprio hospital entre 01 janeiro de 2018 à 31 de dezembro de 2021. Foi realizado um levantamento retrospectivo de todos pacientes operados por traumatismos faciais e para isso consideradas as variáveis como a idade, sexo, etiologia do trauma e hipótese diagnóstica, necessidade de material de órtese e prótese. Tais dados foram agrupados e obteve-se que a idade média dos pacientes submetidos a cirurgias teve uma leve redução durante a pandemia, os pacientes do sexo masculino predominaram em ambas as épocas, as fontes de financiamento revelaram um aumento da dependência do sistema público de saúde (Sistema Único de Saúde) durante a pandemia, em contraste com uma queda significativa na cobertura do plano de saúde. Nos fatores etiológicos houve reduções notáveis envolvendo acidentes com animais (-25,0%), quedas de alturas (-17,6%), ferimentos por armas de fogo (-53,8%), agressões físicas (-24,6%), colisões de veículos (-50,0%) e acidentes relacionados a esportes (-62,5%) durante a pandemia. Por outro lado, houve um aumento nos acidentes relacionados ao tráfego de carro (+24,0%), ciclismo (+25,7%) e acidentes de motocicleta (+18,3%), bem como quedas da própria altura (+29,4%). Além disso, o uso de placas e parafusos para fixação aumentou, enquanto cirurgias que não requeriam materiais ortopédicos e protéticos demonstraram uma queda significativa (-14,9%). De forma geral, podemos concluir que essas descobertas esclarecedoras elucidaram as mudanças dinâmicas nos procedimentos cirúrgicos e seus fatores causais subjacentes no contexto da pandemia. A necessidade de obter uma compreensão mais aprofundada dessas dinâmicas permanece de extrema importância para embasar adaptações relevantes. Essa abordagem é fundamental para assegurar a constante oferta de cuidados de saúde de alta qualidade aos pacientes. Ver menos