O câncer bucal está entre os mais incidentes no Brasil e seu diagnóstico geralmente ocorre nos estágios mais avançados, sendo imprescindível que o cirurgião-dentista esteja qualificado para sua prevenção e diagnóstico precoce. Foi objetivo do estudo avaliar o conhecimento sobre o câncer bucal de cirurgiões-dentistas da Atenção Primária à Saude. Estudo de natureza, censitária, exploratória e quantitativa, realizado em setembro e outubro de 2021. A população foi composta por 128 cirurgiões-dentistas vinculados à rede pública dos 9 municipios da Baixada Litorânea/RJ que receberam o convite para preenchimento do questionario estruturado, enviado eletronicamente via google forms, composto por 41 questões, divididas em cinco blocos: Informações sociodemográficas; Conhecimento sobre o câncer bucal e fatores de risco; Percepção sobre a capacitação sobre o tema; Autoavaliação quanto a segurança para realização de procedimentos de diagnóstico do câncer bucal; Vivência recente quanto à identificação de lesões suspeitas de câncer bucal. Após tabulação e análise dos dados verificou-se que a taxa de respostas foi de 89,1% (n=114). Os respondentes caracterizavam-se por terem menos de 40 anos (50%), serem em sua maioria do sexo feminino (64,9%) e terem acima de 16 anos de formados (57,9%). Quanto ao conhecimento sobre o câncer bucal e fatores de risco, notou-se que 84,2% dos respondentes consideraram seu nível de conhecimento sobre a doença como regular ou bom e somente 8,8% consideram o seu conhecimento como ótimo. Ainda é possível observar que as questões com maiores frequências de acerto pelos profissionais foram "faixa etária mais comum para a ocorrência" (89,5%), "condição mais comumente associada com o câncer bucal" (84,2%) e "tipo de câncer mais comum" (79,8%). Quanto a percepção sobre a capacitação sobre o tema, observa-se que as questões com maiores frequências de acerto pelos profissionais foram "consumo de álcool" (95,6%), "exposição solar" (90,4%) e as com menores frequências de acertos foram "história familiar de câncer" (4,4% de acerto) e "prótese mal adaptada." (16,7% de acerto). Em relação a segurança para realização de procedimentos de diagnóstico do câncer bucal, foi observado que 65,8% consideraram baixo o seu nível de segurança e todos relataram que os pacientes não são suficientemente informados sobre câncer bucal. Em 55,3% das respostas, o curso de graduação não realizou treinamento para o exame de câncer bucal e 98,2% dos profissionais mostraram interesse em participar de curso de educação continuada sobre câncer bucal. Em relação a vivência recente quanto à identificação de lesões suspeitas de câncer bucal, constatou-se que 86,8% dos profissionais realizavam exame da cavidade bucal na primeira consulta odontológica, sendo que 70,2% assinalaram as alternativas ideais a um exame físico de qualidade, 7,9% não realizam porque o tempo da consulta é insuficiente e 5,3% porque não sabiam fazer. Além disso, 50,9% já identificou alguma lesão suspeita nos últimos 12 meses, sendo que 38,6% responderam que a biopsia da lesão foi realizada e 27,2% tiveram retorno do resultado. Notou-se também que 65,8% dos CDs não tinham conhecimento do fluxograma do município para diagnóstico e tratamento do câncer bucal. Os achados evidenciaram que o conhecimento acerca do câncer bucal foi satisfatório, porém, deve-se fortalecer as capacitações quanto aos fatores de risco e procedimentos de diagnóstico relacionados ao câncer bucal. Ver menos