Diversas intervenções protéticas e restauradoras podem potencialmente afetar o periodonto. Quando se considera a posição das margens restauradoras, cabe observar sua influência sobre o tecido gengival. Assim, o objetivo desse estudo foi avaliar o impacto do posicionamento das margens de restaurações com facetas de porcelana cimentadas a nível supragengival e intrasulcular sobre a composição microbiana subgengival e correlacionar com as características clínicas analisadas durante a coleta. Por meio de um estudo observacional transversal, foram incluídos 12 pacientes que receberam pelo menos um preparo para facetas de porcelana a nível supragengival e a nível intrasulcular até 0,5mm (n=12). Todos foram submetidos à avaliação periodontal e obtenção de dados clínicos como índice de placa, sangramento à sondagem e profundidade de sondagem. Em sequência, coleta do biofilme subgengival dos dentes selecionados foi realizada por cone de papel absorvente estéril. O DNA isolado foi submetido a uma reação de PCR utilizando-se primers universais para a subunidade 16S rRNA. A região hipervariável V3-V4 do gene 16S rRNA foi amplificada. Concentrações do DNA foram sequenciadas na plataforma Illumina Miseq e a análise de bioinformática do sequenciamento foi realizada usando o software QIIME 2. A taxonomia foi atribuída aos ASVs por meio do banco de dados eHOMD. Foram computadas as diversidades microbianas, o microbioma central e abundância diferencial entre as espécies de cada grupo de amostras de margens restauradoras. Não foram identificadas diferenças estatísticas quanto ao índice de placa, sangramento à sondagem e profundidade de sondagem entre dentre com margem restauradora supragengivais ou subgengivais (teste de Wilcoxon, p>0,05). Quanto à análise microbiológica, os sítios com restaurações ao nível supragengivais apresentam diversidades alfa (teste T pareado, p=0,188) e beta (teste PERMANOVA, p=0,739) semelhante às posicionadas subgengivalmente. Por sua vez, diferenças pontuais foram observadas para algumas espécies diferencialmente abundantes e para o microbioma central. O microbioma central das amostras com margem restauradora supragengivais foi maior do que o apresentado pelo grupo subgengivais. Além disso análise de abundância diferencial identificou 28 espécies diferentes entre grupos, sendo nove identificadas em maiores quantidades em margens restauradoras subgengivais e 19 mais abundantes em sítios com margem restauradora localizada supragengivalmente (FDR, p<0,05). Portanto, este estudo mostrou não haver diferenças qualitativas significantes na composição microbiana subgengival em dentes que receberam restaurações com facetas de porcelana cimentadas tanto a nível supragengival quanto intrasulcular, apesar de pequenas diferenças a nível de espécie terem sido identificadas. Assim também, não foram identificadas diferenças significantes entre os grupos com relação aos parâmetros clínicos investigados quando restaurações são executadas conforme critérios técnicos que respeitam o periodonto e com margens que não invadam o tecido de inserção supracrestal. Ver menos