Um bom conhecimento da morfologia do sistema de canais radiculares e suas variações anatômicas é indispensável para o tratamento endodôntico bem sucedido, evitando a permanência de agentes infecciosos, a reinfecção dos tecidos periodontais e a posterior extração dos dentes. Portanto, a avaliação eficiente do padrão anatômico antes do tratamento endodôntico deve ser realizada usando os métodos de imagem mais precisos. O objetivo do estudo foi avaliar a eficácia da tomografia computadorizada de feixe cônico (TCFC) e da radiografia periapical (RP) na identificação da configuração dos canais radiculares (CCR) de molares. Foram coletados 29 molares de humanos extraídos por indicações prévias. Foram obtidas imagens radiográficas digitais com duas incidências (ortorradial e mesiorradial) no intuito de obter o máximo de informações acerca das raízes e canais radiculares. A aquisição das imagens de TCFC foi realizada em alta resolução e as imagens de microtomografia computadorizada (micro-CT) foram utilizadas como padrão ouro. As imagens foram avaliadas quanto à presença de variação anatômica radicular, quanto à configuração interna do canal de acordo com a classificação de Vertucci e quanto à presença de variações anatômicas dos canais radiculares. O teste Kappa foi utilizado para a concordância intraexaminador. A TCFC apresentou resultados precisos para a avaliação da CCR, apresentando maior acurácia, sensibilidade e especificidade que a radiografia periapical. Em relação a anatomia das raízes, a presença de sulco radicular foi observada em 12% e raízes fusionadas em 10% dos casos. Não foram observados canais em forma de C. A CCR mais comumente identificada foi o tipo I de Vertucci (59.3%). Não foi observada a presença dos tipos III, V e VI. Em um caso (1,9%) a CCR foi classificada como "outra". No que diz respeito à presença de variações anatômicas da CCR, a presença de canal secundário (22,4%) foi a mais frequente, seguida por presença de canal lateral (13,8%), istmo (12,1%), delta apical (10,3%), canal acessório (6,9%), interconduto (5,2%) e canal recorrente (1,7%). Não foi observada a presença de canal colateral, cavo ou canais reticulares. Conclui-se que a TCFC contribuiu efetivamente para a identificação da classificação de Vertucci e das variações anatômicas dos canais. Contrariamente, a RP foi ineficiente para identificar a CCR e variações anatômicas minuciosas do canal. Entretanto, a TCFC só deve ser indicada em casos onde há suspeita de variações anatômicas que possam comprometer o sucesso do tratamento endodôntico. Ver menos