O uso de aparatos ortodônticos dificulta a manutenção da correta higiene bucal propiciando acúmulo de detritos ao redor dos bráquetes. Além da remoção mecânica, a utilização de antissépticos bucais tem sido indicada como terapia coadjuvante para o controle do biofilme. Entretanto, estudos ressaltam que a associação dos antissépticos bucais aos biomateriais poderia comprometer a sua biomecânica, além de favorecer o aumento de retenção microbiana. Assim, esse trabalho in vitro avaliou a liberação de íons de bráquetes autoligáveis após imersão em diferentes antissépticos bucais bem como a toxicidade dos meios condicionados em fibroblastos gengivais humanos. Utilizou-se bráquetes autoligáveis metálicos SmartClipTM e cerâmicos Clarity Ultra SLTM onde após esterelização foram mantidos por 45 dias à 37oC nos seguintes meios: saliva artificial, Colgate® OrthoGard, Sensodyne® Cool Mint e Oral-B® Complete. Os meios condicionados correspondentes foram avaliados quanto às concentrações dos íons Al, Co, Cr, Fe, Mn, Cu, Ni e Ti por meio de Espectrometria de Emissão Óptica com Plasma Indutivamente Acoplado (ICP-OES). Além disso, sua influência sobre a viabilidade de fibroblastos gengivais humanos foi avaliada utilizando o ensaio MTT nas concentrações de 0.1%, 2% e 10% após 24h, 48h e 72h de exposição. Os dados obtidos foram analisados estatisticamente com o teste t Student e análise de variância, ANOVA, com nível de significância 5%. Considerando os meios condicionados em que bráquetes foram imersos, todos expressaram efeitos tóxicos em relação à saliva artificial. Nas comparações entre bráquetes cerâmicos e metálicos foi observada a maior liberação de Al e Fe nos meios condicionados do Oral B resultando na menor viabilidade celular, estatisticamente significante ao meio de cultura e a saliva artificial, p < 0.05. Em contrapartida, os meios condicionados do Colgate, a partir dos bráquetes metálicos induziram as maiores concentrações de Ni e Ti em todas as amostras, estatisticamente significante em relação ao meio condicionado do Oral B. Quanto aos íons de Co e Mn mantiveram-se abaixo de limite de detecção (< 0.1 mg/L) e de Cr foram detectados apenas nos meios condicionados do Colgate. As liberações de íons dos meios condicionados do Sensodyne foram similares à saliva artificial, com exceção do Al que manteve aumentado. Os ions de Cu não demonstraram diferenças estatísticas entre os grupos. Conforme aumento da concentração foi constatada uma diminuição da viabilidade celular em todas as amostras, sendo os menores valores constatados nos meios; Oral B 2% e 10%, Colgate e Sensodyne, 10%. Deste modo, a partir dos bráquetes metálicos e cerâmicos o meio condicionado Sensodyne® Cool Mint demonstrou os menores efeitos tóxicos aos fibroblastos gengivais, ou seja, maior biocompatibilidade, portanto uma opção favorável para uso auxiliar a higienização no tratamento ortodôntico.
Palavras-chave: Antisséptico bucal. Bráquetes ortodônticos. Higiene bucal. Ver menos