Na Odontologia, os procedimentos clínicos constituem fatores decisivos para a erradicação da dor. No tratamento endodôntico, o controle da sensação dolorosa começa, na maioria das vezes, pela administração de uma solução anestésica local. Apesar de um grande número de soluções anestésicas encontrar-se disponível, a maioria dos profissionais elege somente uma solução anestésica local para todos os procedimentos que executa, e esta padronização para uso geral nem sempre satisfaz às necessidades clínicas e ao bem-estar dos pacientes. O objetivo deste estudo foi avaliar a efetividade anestésica da articaína comparada com a lidocaína na anestesia de molares inferiores apresentando pulpite irreversível, utilizando a técnica anestésica de bloqueio do nervo alveolar inferior. Foram selecionados 80 pacientes de ambos sexos e idade entre 18 e 59 anos, portadores de dentes molares inferiores que foram diagnosticados com pulpite irreversível sintomática. Antes do experimento, cada tubete de solução anestésica foi mascarado com capas de alumínio de modo que no ato da anestesia o endodontista não saberia qual solução anestésica estava utilizando em cada paciente.Todas as soluções anestésicas foram administradas por um único operador e a injeção foi administrada de forma aleatória. As injeções foram administradas com seringa carpule com aspiração. Cada paciente recebeu 2 (dois) tubetes de 1,8 ml cada, perfazendo um total de 3,6 ml de solução anestésica. Cada paciente recebeu anestesia pela técnica padronizada de bloqueio do nervo alveolar inferior, com solução de lidocaína 2% 1:100.000, ou articaína 4% 1:100.000. Após 05 minutos da injeção dos tubetes, foi realizada cirurgia de acesso no dente envolvido no experimento e o paciente foi instruído para relatar qualquer dor sentida durante este procedimento endodôntico. O sucesso da analgesia no elemento portador do diagnóstico de pulpite irreversível foi definido como a possibilidade de acessar a câmara pulpar sem qualquer dor ou desconforto relatado pelo paciente. Os dados foram anotados para posterior análise estatística e comparações entre os resultados obtidos em cada grupo de lidocaína e articaína, para então se avaliar qual solução teve maior eficácia através dos testes estatísticos do Qui-Quadrado, Wilcoxom e Odds Ratio. Verificou-se uma grande proporção de pacientes que, mesmo após receberem a anestesia, se referiram a dor no tratamento endodôntico, entretanto observou-se que quando usado o anestésico lidocaína, mais da metade (55,00%) dos pacientes (22) se referiram à sensação de dor enquanto que uma porcentagem menor (45%) dos pacientes (18), não reportaram dor. Já com o uso da articaína, observou-se um comportamento inverso, já que apenas 11 pacientes (27,50%) reportaram dor enquanto que a maioria (72,50%) dos pacientes (29) não reportaram dor. Essa inversão foi apontada pelo teste estatístico de qui-quadrado como significativa, com indícios (p<0,05) da existência de associação entre solução utilizada e dor. Pôde-se concluir a partir da análise criteriosa dos indicadores obtidos que a articaína 4% com epinefrina 1:100.000 foi estatisticamente mais eficaz do que a lidocaína 2% com epinefrina 1:100.000 na anestesia de molares inferiores com o diagnóstico de pulpite irreversível.
Palavras-Chave: Anestesia. Pulpite. Lidocaína. Ver menos