Este estudo objetivou avaliar a resistência de união de pinos de fibra de vidro (PFV) em diferentes profundidades da dentina intrarradicular após tratamento endodôntico, utilizando diferentes soluções de limpeza durante a desobstrução dos canais radiculares com auxílio ou não de microscópio operatório. Para a pesquisa, 64 dentes unirradiculares (pré-molares e/ou caninos) foram distribuídos aleatoriamente em oito grupos (n = 8) de acordo com as soluções utilizadas: ácido cítrico 10%, EDTA 17%, quitosana 0,2% e água destilada. A desobturação foi realizada em dois níveis: sem (G1, G2, G3, G4) e com uso (G5, G6, G7, G8) do microscópio operatório. As coroas dentais foram removidas e o comprimento radicular foi determinado em 14 mm. Os condutos foram desobstruídos e irrigados com a respectiva solução de limpeza com a técnica ultrassônica pulsante por 20 segundos e de acordo com o método selecionado. A cimentação dos pinos ocorreu utilizando-se o cimento resinoso dual autoadesivo (RelyXTM U200). Em seguida, foram realizados cortes paralelos no sentido vestibulolingual de forma a obter uma secção de aproximadamente 0,7 mm de espessura em cada um dos terços coronal, médio coronal, médio apical e apical. As secções foram posicionadas à máquina de ensaio para a execução do teste de push out conduzido a uma velocidade de 0,5 mm/minuto. Após esta etapa foi realizada a análise do tipo de falha. Na análise estatística utilizou-se ANOVA a três vias, Teste de Tukey, com nível de significância de 5%. O EDTA 17% apresentou-se como a melhor solução de limpeza na resistência adesiva utilizando ou não o microscópio operatório em todas as regiões analisadas (5,56 ± 1,21 MPa). O ácido cítrico 10% e a quitosana 0,2% apresentaram-se de forma semelhante (4,98 ± 1,10 MPa e 4,96 ± 1,13 MPa) e a água com a menor resistência adesiva (3,96 ± 0,95 MPa). A maior resistência adesiva foi observada na região coronal quando comparada com a região apical (6,31 ± 1,02 MPa x 3,99 ± 0,75 MPa sem microscópio; 5,90 ± 0,85 MPa x 3,79 ± 0,57 MPa com microscópio), enquanto que os terços médios (coronal e apical) apresentaram valores intermediários, utilizando (5,64 ± 1,57 MPa e 4,77 ± 0,91 MPa) ou não (4,49 ± 0,73 MPa e 4,06 ± 0,56 MPa), o microscópio. Não houve interação estatisticamente significativa entre a solução de limpeza, a magnificação e a profundidade radicular (p = 0,547). A interação entre a solução de limpeza e a profundidade radicular também não se revelou estatisticamente significativa (p = 0,408). Por outro lado, as demais interações, ou seja, entre a solução de limpeza e a magnificação (p < 0,001), bem como entre a magnificação e a profundidade radicular (p < 0,001) mostraram-se estatisticamente significativas. As falhas adesivas foram predominantes para todos os grupos analisados. Tendo em vista os resultados deste trabalho conclui-se que a resistência de união de PFV se apresentou diferente nas profundidades da dentina intrarradicular utilizando-se ou não o microscópio operatório. A solução de limpeza que proporcionou a melhor resistência de união à dentina intrarradicular foi o EDTA 17%.
Palavras-chave: Dentina. Quelantes. Cimentação. Adesividade. Resistência. Ver menos